Sorria, que eu estou te filmando...O meu coração tá gravando o seu nome aqui dentro de mim

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Meu segundo livro...


-Abra os olhos...
Foi a ultima coisa que pedi depois que Ana sorriu para mim pela ultima vez e cerrou os olhos deixando-me sozinho no mundo com a nossa filha nos braços.Quando ela fechou os olhos me senti como um sonho que deixa de existir quando não há alguém que possa fazer-lo acontecer. A minha vida dependia de Ana para existir. Depois que ela entrou na minha vida muita coisa mudou.Aprendi a andar com os dois pés, um de cada vez,um ao lado do outro.Era como uma valsa a nossa história em que cada suspiro de Ana fazia um retrato da nossa contradança.
Debrucei-me sobre o corpo de minha amada por longas horas a fim de esquecer tudo que acontecia como nos dias em que cheio de problemas acordava mais cedo fazia o café voltava para cama,mirava-a por minutos sem querer acordá-la admirando sua beleza e depois encostava meu ouvido no seu peito pra sentir cada batida do seu coração ofegante declarando vida aos sonhos que corriam pelas suas veias e faziam-na parecer tão viva.Mas ela não esta mais aqui.Pelo menos sua alma, seu fôlego de vida.Seu corpo não me aquece mais.Não pode me abraçar com sua respiração porque isso não existe mais e o ar do ambiente vai ficando fúnebre quando nota-se que aquela que tanto animou meus dias não consegue sorrir mais para a vida que ficou aqui fora.
O mundo agora parece estranho... O ambiente tão colorido perdeu a cor e se manchou com o negro das pupilas de Ana. - Ana, minha querida porque fez isso comigo,porque você se foi quando sabe que a minha vida sem você se depara sem forma e vazia? Pego-me pensando o que será de rebeca que agora afago em meu peito mais forte do que fizera porque sei que agora serei mãe e pai desta pequena criança que antes não percebia.
Talvez eu saiba por que Ana perdeu as forças para o câncer.Porque o que dilacerava seus ossos não era as células que morriam mas a idéia de não poder demonstrar aquela vivacidade de antes, agora que estava tão debilitada e sem forma.Se ela soubesse que eu a amaria ainda que tivesse que vê-la presa em tubos de ar...por certo lutaria para hoje estar de pé.Mas a sua fé foi roubada ao passo que a doença se alastrou pelo seu corpo rancando a força e a beleza que um dia conheci e me fez por um instante ter a coragem de vencer minha timidez e desbancar de vez todas as convenções culturais que por teorias me impediriam de casar-me com Ana.
Ana era rica e judia. A sua família jamais iria permitir que um homem como eu, cristão e ocidental, se aproximasse de sua filha criada aos moldes de uma cultura que não absorve a diferença.Mas eu necessariamente fiz a diferença na vida dela. Ela se sentia tão sozinha naquela casa que tão grande parecia um casarão dos pesadelos. Uma vez Ana me contou que sentia-se presa naquela casa, queria voar para longe porque os gritos de seu pai faziam-na parecer a ovelha negra da família enquanto a sua mãe acatava cada grito do seu pai sobre ela como uma ordem.Seus sonhos nunca chegaram a ser servidos na ceia. Era estranho quando oravam o pai nosso agradecendo pelo pão de cada dia e por cada desejo realizado quando Ana não conseguia sequer falar sem ser repreendida.
Quando eu cheguei na casa de seus pais toda família estava reunida esperando o vinho que eu fui encarregado de trazer.Primeiro acreditei que seus pais iriam me receber com amor afinal eu estava incumbido de trazer o tão milagroso vinho que uma vez representou a vida de Cristo mas não eles me cobraram mesmo foi o atraso que infelizmente aconteceu porque passei horas tentando encontrar uma venda que vendesse aquela marca de especiaria.Sem contar que eu era apenas um estreante e mais um ocidental apresentado por amigos ao jantar porque tinha sido a única válvula de escape para o filho deles que tinha passado todo o semestre na minha casa fazendo intercambio.Pobre Ana.
Não sei como tive coragem de falar com Ela depois de tudo que aconteceu no jantar. Afinal poderia crer que ela assim como seus pais me tinha como um estrangeiro arrogante, mas o que eu iria descobrir é que Ana também se sentia uma estrangeira naquela casa.
-Oi. Bastou para que Ana me puxa-se para seu quarto enquanto seu irmão acabava com o ultimo trago do cigarro turco que pra ele lembrava as raparigas que desbravara no Brasil.
Ana queria saber tudo sobre o Brasil e embora eu soubesse que o que a atraia em mim não eram os meus rebeldes cabelos encaracolados caídos sobre meus olhos castanhos escuros todavia a liberdade que aparentava o meu Pais, fiz questão de cair no seu jogo mergulhando em cada pergunta sua afim de dar respostas a minha própria vida (continua...)

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